E de
repente chega o dia em que a ficha cai, o tempo passa, a gente envelhece, a
vida muda... Aquele tempo em que nossa única preocupação era passar nas provas
bimestrais não volta mais, aquelas noites em que fomos deitar ouvindo a banda
preferida, ecrevendo letras de músicas no caderno e desenhando coraçõezinhos na
foto do ídolo hoje são apenas uma doce lembrança e tão, tão distante...
A
vida traz muitas coisas boas com ela, um grande amor, uma grande carreira, o
maior amor do mundo: um filho. Entretanto, as responsabilidades tornam-se
infinitas e o tempo cada vez mais escasso. A realidade é que a vida não muda de
uma hora pra outra, as coisas vão acontecendo devagar, nós vamos nos adaptando,
mudamos de escola, de casa, de emprego, mas realmente mudamos de vida quando
nos tornamos mãe!
Nenhuma
outra mudança de vida é tão intensa quanto essa, é quando nasce um filho que
realmente conhecemos o sentido do verbo amar. Ser mãe é arrumar forças não se
sabe de onde e literalmente virar a mulher maravilha pra dar conta de todo o
trabalho que vem junto com um ser tão pequenino. Se antes achávamos que o tempo
era curto para fazer todas as coisas que gostaríamos, com um bebê em casa
parece que o dia tem 12 horas e não 24! Vivemos um dia após o outro em função dele;
mamar, dar banho, brincar, botar pra dormir, cuidar da roupa, fazer a comida, o
suquinho, a frutinha, cuidar para que não tenha nada que lhe ofereça perigo e
estar ligada nele o tempo inteiro.
Estaria
mentido se dissesse que tudo isso não dê um trabalho danado e que não cansa,
mas tenho que dizer que é o melhor trabalho que há! O problema é que passamos a
nos dedicar de corpo e alma a esse amor tão grande que nos consome, nos enche a
alma e não cabe no peito, que não conseguimos encontrar tempo para fazer as
coisas que antes nos davam prazer em fazer. Coisas que antes pareciam tão
simples e corriqueiras como fazer as unhas, depilar, cuidar da pele e dos
cabelos agora só são feitas quando sobra um tempinho... E quando sobra um
tempinho? Não sobra. Temos então que rever algumas prioridades e tentar dividir
melhor o tempo, conciliando várias atividades, e quando não conseguimos pode
vir a frustração... E aquela leitura que gostaríamos de fazer? Aquele curso que
queríamos estudar? Aquela esteira encostada na varanda que juramos que iríamos
usar? Vai ficando tudo pra depois... inclusive o marido. Quando o coitado chega
de um longo dia de serviço, a mãe-esposa-donadecasa-cozinheira-arrumadeira já
está tão cansada que mal dá atenção àquele que até outrora ocupava o posto mais
importante na vida dela e que no momento perdera completamente a prioridade... É
aí que mora o perigo. Se não houver muito amor, conversa e cumplicidade de
ambas as partes é quase certo que o casamento caminhe em direção à uma estrada
sem volta.
Mas
o que fazer para passar por tudo isso sem enlouquecer? Sem querer parar o mundo
e descer? Tendo que ser forte quando o que mais queríamos era alguém que nos
desse colo? De tanto pensar só consigo chegar a uma conclusão: tendo fé em
Deus, paciência, buscando sempre dar o melhor de nós mas sem nos cobrar tanto e
ter a certeza de que, como tudo nessa vida, é uma fase, vai passar...
...e vale a pena!